Com a inauguração do Terminal de Integração de Deodoro, previsto para a próxima quarta-feira (20/09), três linhas operadas pela Viação Nossa Senhora da Penha, e uma operada pela Linave Transportes alimentarão o sistema de transporte em massa da capital. Os ônibus terão as vistas reprogramadas, chamando a atenção para o Terminal.
O Terminal com capacidade para receber cerca de duas mil pessoas, integrará os sistemas de BRT Transbrasil e Transolímpica e permitirá o acesso direto à estação ferroviária, atendida pelos ramais Japeri, Santa Cruz e Deodoro, da Supervia.
Com dois andares dispostos de plataformas, o andar térreo servirá às linhas alimentadoras, ligando aos bairros das zonas Norte e Oeste do Rio de Janeiro. Ainda neste andar, as escadarias e o elevador darão acesso aos mezaninos destinados ao segundo piso, de onde partirão os articulados da empresa MOBI Rio e à passarela para o Viaduto e Estação da Supervia.
O preço modal do BRT é de R$ 4,30. Já os ônibus vindos de Nilópolis custam R$ 5. Passageiros portadores do benefício do Bilhete Único Intermunicipal podem realizar integração tarifária pelo valor de R$ 8,55.
Inicialmente o Terminal de Integração de Deodoro será servido pelas linhas:
Linhas BRT MOBI Rio:
51- BRT Deodoro x Terminal do Recreio
Serviços expresso e parador
52- BRT Deodoro x Terminal Alvorada
Serviços expresso e parador
Linhas urbanas:
653 Deodoro x Méier (via Madureira)
764 Deodoro x Catiri
765 Deodoro x Mendanha
783 Deodoro x Praça Seca (via Marechal Hermes
788 Deodoro x Campo Grande (via Ponto Chic)
796 Deodoro x Campo Grande (via Estr. do Mendanha)
798 Deodoro x Campo Grande (via Estr. da Posse)
De acordo com a Prefeitura do Rio, gestora do sistema BRT, posteriormente novos serviços serão criados e/ou alterados a fim de aumentar o número de integrações com o BRT.
Historicamente, Deodoro é um importante entroncamento de transporte urbano na cidade do Rio de Janeiro, uma vez que é o local de interconexão dos ramais de Deodoro, Santa Cruz e Japeri do sistema ferroviário suburbano operado pela Supervia.
A região de Deodoro sendo atendida pelo sistema BRT Transolímpica, integrará à Barra da Tijuca, e que por sua vez se conecta tanto com o BRT Transoeste, quanto com o BRT Transcarioca (e futuramente com o BRT Transbrasil, em Deodoro).
737L Deodoro x Belford Roxo (via Nilópolis):
Operada pela Viação Nossa Senhora da Penha, ainda é incerta a transferência do seu ponto final para o novo terminal. A mudança no itinerário, embora seja curta oferecerá – se realizada – mais comodidade e conforto aos nilopolitanos, que além de terem um abrigo melhor estruturado na plataforma, teriam mais segurança, e a oferta de serviços e conveniências disponíveis no moderno terminal.
A linha atualmente tem seu ponto final na Estrada São Pedro de Alcântara, onde seus passageiros dependem da estrutura de comércios locais para se abrigarem em dias de chuva e se protegerem em dias ensolarados enquanto aguardam o momento para embarque nos coletivos.
Ofertas de transporte a partir de Nilópolis:
Além dos trens da Supervia, outras quatro linhas de ônibus passam nas proximidades, possibilitando – apesar de não pararem dentro do terminal – que seus usuários acessem o sistema BRT. Veja abaixo a lista com essas linhas:
133B Nova Iguaçu x Central | PARADOR
434L Nova Iguaçu x Sulacap
479I Nova Iguaçu x Parada de Lucas
551I Nova Iguaçu x Penha
Estes serviços passam pela Estrada do Camboatá, disposta de pontos regulares junto à um dos acessos a pedestres no terminal.
O moderno terminal remonta um projeto fracassado no passado
Em junho de 1986 o prefeito Saturnino Braga recebe do escritório de Jaime Lerner os estudos de implantação e racionalização dos corredores de ônibus Centro – Deodoro (via avenida Brasil) e Madureira – Santa Cruz, prevendo a implantação de terminais de integração em Santa Cruz, Campo Grande, Bangu, Realengo, Deodoro e Madureira.
No dia 19 de agosto de 1986 , a Prefeitura encaminha ao BNDES pedido de financiamento no valor de Cz$ 230 milhões para construção de 10 terminais rodoviários urbanos no Município, sendo 4 na zona oeste – Santa Cruz, Bangu, Deodoro e Realengo, 5 na zona norte – Ramos, Meyer, Estácio, Portuguesa e Cocotá, e um em Jacarepaguá – Pau Ferro.
O Terminal Rodoviário de Deodoro foi a primeira iniciativa da Prefeitura em concretizar a implantação de um Sistema Integrado de Transportes, por ônibus, na cidade. O trecho entre o Centro da cidade e o terminal Deodoro, via Avenida Brasil, seria operado com ônibus articulados, como será futuramente, após inaugurado o Corredor do BRT Transbrasil.
Construído por Marcelo Alencar por Cr$ 1,18 bilhão (o equivalente a R$ 19,4 milhões), o terminal de Deodoro, entregue em 28 de dezembro de 1992, serviria de integração rodoferroviária.
O terminal deveria ter funcionado como alimentador de linhas tronco que iriam operar com ônibus articulados. Ele receberia veículos de menor porte e por isso era chamado de estação de transferência. No entanto, os ônibus articulados não foram adquiridos pelos empresários e a edificação perdeu sua principal razão de ser, pois seu principal objetivo era reduzir o número de coletivos em circulação.
Passageiros de 18 linhas da Zona Oeste passariam a fazer ali a baldeação para os trens ou para uma linha troncal de ônibus — a 301 Deodoro x Praça XV — que atravessaria pela faixa seletiva da Avenida Brasil, o Elevado da Perimetral, a Rua Camerino e, cruzando a Avenida Presidente Vargas, chegaria à Praça Quinze, com veículos articulados.
O terminal rodoviário de Deodoro era considerado o mais importante de um sistema que previa cinco grandes paradas de ônibus em Madureira, Usina, Méier e Praça Quinze.
Já havia – e ainda existem algumas – linhas que ligam a Baixada Fluminense a Deodoro.
A mini rodoviária, construída e inaugurada pelo então prefeito Marcello Alencar, foi erguido para acomodar os passageiros que viriam da Zona Norte, Oeste e da Baixada Fluminense. Ficava próximo a estação de trem do bairro e prometia integrar o trem ao ônibus. como parte de um projeto maior de reorganização dos transportes entre as zonas Oeste e Norte e o Centro da cidade.
Linhas intermunicipais já operadas no Terminal
717L Mesquita x Deodoro
737L Belford Roxo x Deodoro
431L Praça da Santinha x Deodoro (via Nilópolis)
433L Nova Iguaçu x Deodoro (Via Mesquita)
Amargando a subutilização e transformado em dormitório de mendigos, o terminal acabou demolido em 2002 por Cesar Maia, que construiu no local um complexo de piscinas públicas.
O ex-prefeito diz que demoliu o terminal por uma série de razões. Entre elas, um erro de projeto que impediria que os ônibus fizessem o giro dentro do terminal. Para consertar o problema, seria preciso reconstruí-lo. César alega ainda que a região sofria com a violência, que fazia com que o local funcionasse como um entreposto de distribuição de drogas. Com a desativação do terminal as linhas ainda operantes foram transferidas para a Estrada São Pedro de Alcântara.
Essa mudança na época impactou diretamente na operação de algumas linhas, fazendo com que elas perdessem muitos passageiros nos anos seguintes. Numa tentativa de se manter ativa, a linha 431L chegou a ter parte do seu itinerário suprimido, indo apenas de Deodoro a Nilópolis, até ser extinta definitivamente nos últimos anos, por ter o seu novo itinerário sobreposto a outras duas linhas, ambas da Nilopolitana, na época.
Anos após a demolição do Terminal de Deodoro, o então prefeito Eduardo Paes recria na região um dos quatro terminais previstos no projeto do corredor expresso Transbrasil.
As novas possíveis integrações agilizarão a chegada e oferecerá mais qualidade de vida a população
Inaugurado o terminal e redirecionadas para lá as duas linhas do sistema de BRT – que atualmente e de forma improvisada têm como terminal a estação Vila Militar– , as cidades da Baixada Fluminense, como Nilópolis, Mesquita e Nova Iguaçu, terão mais facilidade no acesso as regiões de Jacarepaguá e Barra da Tijuca.
Apesar de já haverem linhas diretas destes municípios para a Barra da Tijuca e a diversas estações do sistema de BRT, o Terminal Intermodal de Deodoro e a inauguração do Serviço Expresso entre Deodoro e o Terminal Alvorada, tornará mais ágil o acesso a bairros como Taquara, Curicica e Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio.
Com a implantação do Serviço Expresso da linha 52 entre Deodoro e o Terminal Alvorada, os passageiros passarão menos tempo dentro dos coletivos urbanos que, além de darem muita volta até chegarem a estação mais próxima, como as da Vila Militar e Madureira, têm sua viagem demorada por diversos fatores, entre os quais os congestionamentos em horários de pico, a quantidade de paradas ao longo do percurso, assim como as medidas de racionamento e controle de consumo de combustível empregado por algumas empresas de transportes.