Até meados dos anos 2000, o bairro Frigorífico era apenas mais um bairro residencial de Nilópolis. Encravado entre o bairro Nova Cidade e o limite entre os municípios de Nilópolis e Mesquita, a localidade começou a se desenvolver após a Prefeitura assumir a posse do extinto matadouro, que abriu a possibilidade do bairro ganhar uma série de equipamentos públicos.
Juntando-se a transferência das escolas municipais de Dança e de Música para o Centro Integrado de Educação Pública Municipalizado Professora Stella de Queiróz Pinheiro e a inauguração da Vila Olímpica Marcos Fernandes, e anos depois as inaugurações do Centro Municipal de Eventos, do Ginásio Estudantil Municipal Almyr da Silva Vieira e da Casa da Luta Nilopolitana, o bairro Frigorífico passou a receber milhares de pessoas que frequentam cada um dos espaços. E o movimento tende a aumentar ainda mais. A Fundação de Apoio à Escola Técnica (FAETEC) está construindo uma unidade no bairro.
Cortado pela estrada de ferro, a construção do Viaduto Marcel Luís Sette Fortes de Almeida encurtou as distâncias e melhorou significativamente o acesso ao bairro Frigorífico. Mas apenas para os motoristas. Quem precisa atravessar de um lado ao outro do bairro a pé ou de bicicleta, o viaduto não ajudou em nada. De responsabilidade do Governo do Estado, o projeto de construção não previu a implantação de passagens para pedestres.
Como alternativa, sobraram as passarelas existentes na estação ferroviária de Edson Passos, em Mesquita e a localizada na altura do Assaí Atacadista.
Para mudar essa situação e melhorar a acessibilidade ao bairro, o vereador Leandro Hungria (Solidariedade), apresentou, na Câmara Municipal de Nilópolis, a Indicação Legislativa 375/2023 e o Requerimento 222/2023 solicitando ao Governo do Estado, a construção de uma passarela de pedestres nas proximidades do Viaduto Marcel Luís Sette Fortes de Almeida.
“Tenho recebido vários pedidos, principalmente de pais e responsáveis de crianças que estudam ou praticam alguma atividade em um dos equipamentos culturais existentes no bairro Frigorífico, para que seja construída uma passarela na altura do viaduto. Infelizmente, na época da construção entenderam que não seria necessário a implantação de uma passagem de pedestres, mas atualmente temos uma realidade totalmente diferente. Eu mesmo, já vi por diversas vezes, mães com crianças a pé ou até mesmo de bicicleta, diga-se de passagem, atravessando o viaduto de forma irregular e perigosa. Estão erradas em fazer isso, mas cabe ao Poder Público também equalizar essas situações e propor mudanças, por isso apresentei a indicação e o requerimento ao nosso governador Cláudio Castro”, disse o parlamentar.
Tanto a Indicação Legislativa 375/2023 e o Requerimento 222/2023 foram aprovados por unanimidade no Plenário Vereador Orlando Hungria. Os instrumentos, respectivamente, foram encaminhados ao prefeito Abraão David Neto e ao governador Cláudio Castro.
Viaduto não ajudou a desafogar o trânsito em Nilópolis
Previsto para ser uma solução para os engarrafamentos no Centro de Nilópolis, o Viaduto Marcel Luís Sette Fortes de Almeida foi inaugurado em 15 de fevereiro de 2012. Construído pelo Governo do Estado, a obra custou R$ 11,4 milhões, e foi fruto de uma parceria entre o Governo do Estado com os municípios de Nilópolis e Mesquita.
Além do elevado de 217 metros de extensão sobre a linha férrea, também foi construída uma ponte de 165 metros sobre o Rio Sarapuí e ainda foi realizada a urbanização da Avenida Presidente Costa e Silva, em Mesquita e das ruas Deputado Simão Sessim e Doutor Rufino Gonçalves Ferreira, em Nilópolis.
Na época, tanto autoridades municipais quanto estaduais garantiram que a obra iria garantir uma melhor fluidez no trânsito do município, tirando boa parte do tráfego do Viaduto Nelson Abrahão David, que cada dia mais se mostra incompatível com a quantidade de veículos que atravessam por lá. Passados onze anos da inauguração do Viaduto Marcel Luís Sette Fortes de Almeida, os engarrafamentos continuam no Centro de Nilópolis, principalmente quando acontece de um veículo enguiçar ou algum acidente no “viaduto antigo”.
“A intenção de beneficiar o município vizinho foi boa, mas faltou construir uma alça de descida na altura da Fornecedora Chatuba, o que impediria do nilopolitano ter que ir em Edson Passos e fazer o retorno. Além de aumentar o percurso e elevar o número de veículos no município vizinho, a Prefeitura de Nilópolis ficou impedida de transferir para o Viaduto Marcel Luís Sette Fortes de Almeida algumas linhas de ônibus municipais, já que esses veículos não podem circular fora de Nilópolis. Não podemos dizer que não houve benefício, mas o impacto positivo no trânsito do Centro de Nilópolis poderia ser bem maior se houvesse a alça”, disse o especialista em mobilidade urbana e trânsito, Júlio Pereira.