Em 2020 um candidato declaradamente “bolsonarista”, conseguiu se eleger na última eleição usando a ideologia do ex-presidente Jair Bolsonaro. Com 1.486 votos, Anderson Campos (Republicanos) conquistou a 11ª cadeira na Câmara de Nilópolis. Com uma campanha tímida, sem usar recursos do fundo partidário e com um discurso conservador, ele utilizou as redes sociais para propagar sua campanha, tática similar ao de Bolsonaro.
E para 2024, além do próprio Campos, que busca sua reeleição, um outro nome deve usar a mesma tática de contar com apoio bolsonarista para se firmar no cenário político e disputar uma das doze cadeiras na Câmara de Nilópolis. Ivan Araújo já aparece nas redes sociais em fotos com o próprio ex-presidente Bolsonaro e outros aliados, inclusive deputados que conseguiram se reeleger na última eleição.
Outra coincidência é a aproximação com o Deputado Federal Carlos Jordy. Tática que em 2020, rendeu ao vereador Anderson Campos o apelido de “filhote de Jordy”. Mas a parceria foi rompida anos depois e hoje é Araújo que conta com o apoio do parlamentar bolsonarista.
Lados opostos
As particularidades entre Campos e Araújo não são meras coincidências. Ivan Araújo trabalhava na equipe de Anderson Campos até meados de 2022, quando decidiu sair e seguir carreira solo. Apesar de terem Bolsonaro como aliado, a dupla está em lados opostos na política nilopolitana.
Campos faz parte do grupo político que deve lançar um candidato à prefeitura em oposição ao atual prefeito Abraão David Neto. Nos bastidores dois nomes estão bem cotados: o do ex-prefeito Sergio Sessim e de Rogério Ribeiro, filho do presidente da Câmara Municipal, José Diamantino Ribeiro.
Já Ivan Araújo é aliado político do atual prefeito Abraão David Neto e presidente da ala jovem do PL e busca reforçar a base política do atual mandatário com figuras influentes como o Deputado Federal Carlos Jordy, o Senador Flávio Bolsonaro e o próprio ex-Presidente da República Jair Bolsonaro.
Para especialista, disputa pode ser ruim para ambos
De acordo com o cientista politico Jorge Almeida, a ruptura entre Campos e Araújo, pode ser ruim para ambos. Para ele o cenário atual é bem diferente do encontrado em 2020:
“Em 2020 tínhamos um efeito muito favorável ao então candidato Bolsonaro e sua plataforma em defesa da família e de ser um nome novo. Enfraquecido após algumas declarações e atitudes impopulares, o que se viu foi uma derrota apertada, onde ficou provado que o bolsonarismo acabou perdendo espaço. Mesmo quem estava em uma tendência mais bolsonarista, ficou na defensiva naquele momento. Hoje quem ainda optar por usar o nome Bolsonaro poderá ter sucesso com os eleitores mais fiéis ao ex-presidente, mas no caso de Nilópolis, acredito não haver espaço para duas candidaturas nesse sentido. Quem busca a reeleição terá que mostrar que ainda se mantém fiel aos conceitos da última eleição e também apresentar o que fez na Câmara. Quem chega vai ter que convencer que poderá usar o nome da família Bolsonaro muito mais que o adversário”, analisou.
Jorge Almeida aponta outro problema. O fato de cada um estar de um lado na disputa confunde o eleitor:
“Imagina o eleitor bolsonarista fiel, que vê cada um deles apoiar um candidato à prefeitura. E pior será se o próprio ex-presidente e seus aliados escolherem apenas um lado. Quem é Bolsonaro mesmo vai seguir o que o seu líder pedir”, concluiu.
Agora é aguardar como Anderson Campos e Ivan Araújo irão traçar seus caminhos até o outubro, quando acontecem as eleições municipais.