No trânsito qualquer deslize pode ter graves consequências. O desrespeito à sinalização é um dos principais fatores causadores de acidentes em Nilópolis. Neste domingo 07/04, a imprudência causou mais um grave acidente na esquina entre as ruas Getúlio Vargas e Antônio João Mendonça, no Centro.
A esquina, que já está sendo apelidada de “esquina da bagunça”, registrou só nos últimos 30 dias, cinco acidentes. O motivo para tantas ocorrências em pouco tempo? O desrespeito à sinalização.
Desde 2019 a Rua Antônio João de Mendonça passou a ter sentido único de direção, da Rua Getúlio Vargas para a Rua João Pessoa. A medida foi a forma encontrada pela Secretaria de Transportes para por fim aos altos indices de acidentes registrados ali. Na época, o então secretário Amauri de Jesus, destacou a iniciativa:
“A intervenção foi realizada para prevenir acidentes na via. Acabamos com o cruzamento da Antônio João de Mendonça com a Getúlio Vargas. A mudança viária é necessária para a melhoria do tráfego de veículos e proteção do motorista e do pedestre, além de contemplar um pedido da comunidade”, disse.
A medida fez com que o número de acidentes no local fosse reduzido, mas o desrespeito dos motoristas às regras de trânsito fez o índice subir novamente. Para tentar conter esse crescimento, no final de março deste ano, a Secretaria de Transportes reforçou a sinalização na Rua Antônio João de Mendonça e suas vias de acesso. Foram colocadas mais placas e realizada operações com a presença de agentes do Grupamento Especializado de Trânsito (GET).
“Infelizmente temos motoristas que simplesmente ignoram a sinalização. Já havia placas na Rua João Pessoa, sinalizando a proibição de se entrar na Rua João Pessoa, colocamos agentes de forma esporádicas ali, só no período de janeiro até março, já aplicamos de 150 multas naquele trecho. Mesmo assim, colocamos mais placas e aumentamos a quantidade de operações, mesmo assim ainda somos obrigados a conviver com esses maus motoristas”, explica o secretário de Transportes, Ricardo Gallego Jr.
Agente de trânsito foi ameaçado após impedir contramão
Se a esquina é perigosa para quem dirige, o trabalho de quem tenta impedir as bandalhas também é perigoso. Em outubro de 2019, justamente alguns meses após a implantação da mão única na Rua Antônio João Mendonça, no trecho entre as ruas João Pessoa e Getúlio Vargas. Um motorista agrediu um agente de trânsito enquanto trabalhava na esquina com a Rua Getúlio Vargas.
A agressão teria ocorrido após o motorista de um automóvel sedã ter se irritado com a abordagem do agente identificado como Pontes, que fazia uma operação de conscientização no local. Não satisfeito em ser interpelado pelo agente de trânsito, o condutor teria iniciado uma discussão que resultou na agressão.
Como é possível ver no vídeo, a discussão deixou de ser apenas uma troca de palavras quando o condutor, que teria se identificado como policial, saiu do seu veículo e os dois iniciaram uma briga, que só terminou após a chegada de populares que separaram os dois. O motorista fugiu e o caso foi registrado na 57ª DP (Nilópolis).
“Nosso agente estava ali apenas para orientar sobre a mudança de sentido que aconteceu. Na época, não estávamos trabalhando com punição, apenas conscientizando sobre as mudanças e orientando os condutores”, disse Nilton Marques, que na época era o coordenador do 1º Grupamento Especializado de Trânsito – GET.
Motoristas culpam o GPS
Dirigir na contramão de direção é uma infração de trânsito prevista no artigo 186 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) e pode gerar multa, além de ser uma prática bastante perigosa e causar acidentes graves. A infração é considerada gravíssima e prevê uma multa no valor de R$ 293,47, além da aplicação de 7 pontos na CNH (Carteira Nacional de Habilitação) do condutor infrator.
Mas o brasileiro sempre tenta dar alguma desculpa para cometer uma infração de trânsito. E a cara de pau é tanta, que nas redes sociais, muitas pessoas atribuem o alto índice de acidentes aos aplicativos de mapas online, o popular GPS.
“No mapa não diz que ali é contramão. Já entrei diversas vezes, acaba sendo automático”, relatou uma internauta.
“Sou motorista de aplicativo e nenhum deles diz que ali é contramão. Quem é de Nilópolis faz a contramão sabendo que tá errado, mas quem é de fora faz por não saber”, relatou outro.
Sem cabimento
Para o coordenador de Educação para o Trânsito da Secretaria Municipal de Transportes, Nilton Marques, a desculpa dada pelos motoristas não tem sentido:
“Infelizmente, a principal causa de acidente de trânsito é que 90% tem o fator humano como preponderante. Os outros 10% atribuímos às rodovias, às situações de manutenção de veículos, sinistros e outros fatores que não são possíveis evitar. Neste caso específico vemos o desrespeito às normas como o causador dos acidentes. De acordo com o Código de Trânsito Brasileiro, quando há sinalização determinando o sentido de fluxo da via, ela deve ser respeitada. As únicas exceções, ocorrem quando a autoridade de trânsito, por conta de alguma necessidade temporária, permita o trânsito de veículos no sentido contrário ao especificado, ou quando veículos que prestam serviços de urgência, como ambulâncias e carros de bombeiros, estiverem em atendimento de alguma emergência, mesmo assim precisam estar com os dispositivos sonoros e luminosos de emergência ligados. Fora isso, não há nenhum respaldo na lei para circular no sentido diferente do sinalizado”, explicou.
Sobre a desculpa do GPS, Marques é categórico:
“Não tem cabimento isso. Não há nada no CTB falando sobre isso. Se há sinalização, ela deve ser obedecida. Isso é ensinado nas auto escolas. GPS, mapas em papel ou qualquer outro dispositivo devem ser usados apenas como auxiliar ao motorista, mas nunca ser colocado como algo acima da sinalização. Reitero, observem as sinalizações, se houver o desrespeito e for flagrado será autuado. Mas acredito que o motorista precisa é ter consciência que o seu erro pode lhe custar a vida ou a vida de outras pessoas, é simples”, concluiu.
De acordo com a Secretaria Municipal de Transportes já estão sendo estudadas medidas mais enérgicas para por fim ao problema, uma delas é a colocação de barreiras físicas para impedir que motoristas na contramão acessem a Rua Getúlio de Vargas:
“Entendo que essa seria a medida extrema. Essa semana vamos analisar melhor e se ainda há outras alternativas”, concluiu o secretário Ricardo Gallego Jr.
Com relação ao acidente ocorrido na noite deste domingo (07/04), as vítimas da colisão entre um Fiat Siena e um Volkswagen Gol, não sofrerem ferimentos graves.