A crescente onda de violência que assola o Rio de Janeiro passa a afetar cada vez mais os moradores de Nilópolis. A Empresa de Transportes Flores LTDA., está sendo obrigada a alterar o itinerário das linhas 103I Nilópolis – Shopping Grande Rio (via Portugal Pequeno) e 433I Nilópolis – Pavuna (via Tomazinho), por conta da ação de criminosos na região dos bairros São Mateus, Parque São Nicolau e Vila União, em São João de Meriti, bem próximo à divisa com Nilópolis.
Apesar dos atos criminosos não serem praticados em Nilópolis, para evitar que os ônibus sejam vandalizados e para evitar expor profissionais e passageiros ao risco de sofrer algum ato violento, sem outras alternativas de vias, a empresa de ônibus optou por mudar o itinerário da linha 103I, deixando de atender os moradores da rua Manuel Pinto Ribeiro, além do trecho da rua Rua Major Leite de Castro, entre as ruas General Olímpio da Fonseca e José Couto Guimarães, no bairro Paiol de Pólvora. As ruas Álvaro Proença, Antônio Alves da Costa e Jesuíno de Andrade, já em São João de Meriti, também deixaram de ser atendidas pelos ônibus.
Com a mudança, os ônibus da linha 103I agora fazem o percurso a partir da Major Leite de Castro, entrando na Rua Cândida e seguindo pelas ruas Antônio Pires, Inácio Serra até a Avenida Presidente Tancredo Neves, retornando ao itinerário original.
Em ofício encaminhado no dia 18 de abril, ao Departamento de Transportes Rodoviários do Rio de Janeiro – DETRO/RJ, a empresa de Transportes Flores afirma que “desde o dia 25 de janeiro do corrente ano, a linha 103I Nilópolis – Shopping Grande Rio (via Portugal Pequeno) “SA”, tem sido obrigada a desviar parte de seu trajeto original devido à interdição imposta por atividades criminosas na Av. Tancredo Neves, próximo ao número 513″
Linha 433I também sofre com a violência
A linha 103I não é a única a sofrer com as regras impostas pelos traficantes que dominam áreas do município de São de João de Meriti. A empresa também informou ao DETRO/RJ, que a linha 433I Nilópolis – Pavuna (via Tomazinho) está sofrendo com as ameaças dos bandidos. Constantemente os ônibus são obrigados a desviar do itinerário dentro da localidade conhecida como Gato Preto, deixando de atender aos moradores daquela região.
“Vale destacar que a empresa tem sofrido tentativas de extorsão por parte do crime organizado para que as vias sejam liberadas e os coletivos possam retomar o tráfego no local, o que tem causado prejuízos à operação e à população local”, informou a empresa no ofício.
Um motorista que não quis se identificar, informou que bandidos armados costumam entrar nos ônibus para ameaçar os profissionais:
“Eles entram e falam que a gente só pode passar se a empresa pagar para eles, isso quando não quebram as câmeras e dizem que só pode passar ônibus sem câmera. Infelizmente a empresa teve que tomar uma atitude drástica para preservar seu patrimônio, seus funcionários e os passageiros. Ruim para quem mora nas ruas onde o ônibus não pode passar e agora ficam a mercê deles”, disse.
De acordo com o Departamento de Transportes Rodoviários do Estado do Rio de Janeiro – DETRO/RJ, alterações estão amparadas pelo Art. 33 do decreto nº 3893/81, uma vez que por motivo de força maior a empresa não pôde cumprir seu itinerário.
“É lamentável que o direito de ir-e-vir do cidadão esteja sendo cerceado pelo domínio que o tráfico de drogas está exercendo em diversas áreas do Rio de Janeiro. O problema não está relacionado apenas ao policiamento, é preciso uma ação maior, que envolva o governo federal e outras esferas. Infelizmente a empresa tá fazendo o que é correto, se não há segurança para trafegar, que se busque caminhos alternativos”, disse o especialista em mobilidade urbana e trânsito, Nilton Marques.