Quem circula pelo Viaduto Nelson Abrahão David, conhecido popularmente como Viaduto Velho, tem notado um problema crescente: o furto de partes dos guarda-corpos que cercam a estrutura. Os componentes, fundamentais para garantir a segurança de quem transita pelo local, estão desaparecendo aos poucos, gerando preocupação entre os frequentadores da área.
Segundo relatos de pessoas que vivem nas proximidades, os furtos ocorrem principalmente durante a madrugada. Há testemunhos de que usuários de drogas e pessoas em situação de rua têm sido vistos carregando sacos que, possivelmente, contêm partes dos guarda-corpos retirados do viaduto.

“É muito perigoso. A qualquer momento alguém pode se desequilibrar e cair. Já vi gente passando com sacos grandes, e parece que estão levando os guarda-corpos embora”, conta um morador que preferiu não se identificar.
Outro morador, que também pediu anonimato, destaca a sensação de abandono:
“Mesmo com a base da Guarda embaixo do viaduto, parece que ninguém se intimida. A insegurança é constante, principalmente à noite.”
Moradores também pedem aumento da segurança, pois relatam que quase não passam viaturas da Polícia Militar pelo local, o que contribui para a sensação de abandono e insegurança.
Especialistas apontam que a vulnerabilidade social de usuários de drogas pode estar diretamente ligada a esse tipo de ocorrência. A psicóloga Christiane Sampaio, especialista em saúde mental e redução de danos, explica:
“Encontramos no cenário de uso de drogas usuários extremamente vulneráveis, com poucos cuidados, com dificuldade de chegar a qualquer nível de assistência. Muitos vivem em situação de rua e acabam se envolvendo em ações de risco, como furtos, não por maldade, mas por sobrevivência e falta de suporte.”
Além da insegurança local, o furto de estruturas metálicas como guarda-corpos faz parte de um problema mais amplo que tem se intensificado em Nilópolis. Objetos como cabos de cobre, grades e tampas de bueiro estão sendo furtados com frequência para serem revendidos em ferros-velhos, muitos dos quais não exigem nota fiscal nem verificam a origem dos materiais.

A prática é facilitada pela falta de fiscalização nos depósitos de recicláveis, que acabam funcionando como pontos de receptação de bens públicos e privados furtados. Em operações recentes, autoridades apreenderam toneladas de fios e metais em ferros-velhos clandestinos, revelando a existência de um mercado ilegal que movimenta grandes volumes de sucata e gera prejuízos significativos à população e ao poder público.
O viaduto, que liga a Rua Antônio João de Mendonça à Estrada dos Expedicionários, foi construído há mais de quarenta anos e é uma das principais vias de ligação entre os dois lados do município. Oficialmente batizado como Viaduto Nelson Abrahão David pela Lei Municipal nº 6076, de 25 de junho de 2004, a estrutura homenageia o ex-presidente da escola de samba Beija-Flor de Nilópolis, irmão do patrono da agremiação, Aniz Abraão David. Apesar do nome oficial, o viaduto é raramente identificado assim em sinalizações públicas ou mapas.
Com o crescimento populacional e o aumento do fluxo de veículos, a estrutura passou a ser considerada insuficiente para atender à demanda atual. Agora, com o furto dos guarda-corpos, o risco de acidentes se soma à deterioração da infraestrutura.

O que causa ainda mais indignação entre os moradores é o fato de que há uma base da Guarda Civil Municipal localizada embaixo do viaduto, e a sede da Secretaria de Segurança Pública do município fica a cerca de 300 metros do local. Mesmo com essa proximidade das autoridades, os furtos continuam ocorrendo com frequência, especialmente durante a madrugada.
“Esses ladrões desafiam as autoridades, a base da guarda é aqui perto e mesmo assim eles estão furtando tudo na cara de pau. É muito triste tudo isso que está acontecendo, além do dinheiro público que vai ter que ser gasto para repor o material, temos o risco de acidentes”, declarou um morador que acrescentou ainda, já ter visto homens carregando sacos pretos durante a madrugada na região.
A comunidade pede ações urgentes das autoridades para coibir os furtos, reforçar a segurança e garantir a integridade da estrutura.









