Nilópolis tem enfrentado uma onda crescente de roubos de carros antigos, especialmente modelos populares como Gol, Uno, Palio e Corsa. O caso mais recente ocorreu no último sábado, dia 26, por volta das seis horas da manhã, quando um Chevrolet Corsa prata foi roubado na Rua Roberto Silveira, em frente à estação ferroviária de Olinda. Câmeras de segurança registraram o momento em que dois homens empurram o veículo com outro Corsa preto, até conseguirem levá-lo.
A proprietária do carro, que o utilizava como ferramenta de trabalho, registrou o caso na 57ª DP de Nilópolis e pede ajuda da população para localizar o veículo.
Vídeo mostra o momento da ação criminosa
Segundo dados atualizados do Instituto de Segurança Pública (ISP), Nilópolis registrou mais de 300 roubos de veículos em 2024, um aumento de 83% em relação ao ano anterior. A alta contrasta com a tendência de queda observada entre 2018 e 2022, quando os números vinham diminuindo.
Adriana Teixeira, moradora do bairro Olinda, relata o medo que tomou conta da família:
“Meu marido usa o carro para trabalhar. Desde que soubemos do roubo do Corsa na estação, ficamos com medo de sair com o nosso Corsa à noite. É um carro igual ao que foi roubado e não sabemos se seremos as próximas vítimas”
Adriano Alves, morador do bairro Manoel Reis, também se preocupa com a segurança do seu veículo:
“Tenho um Gol 2002 que está em ótimo estado. Já pensei em vender, mas é difícil abrir mão. Agora estou pensando em instalar um rastreador, porque a situação está ficando perigosa. Tive um amigo que teve o seu Palio roubado também”
Albertina Duarte, do bairro Santos Dumont, também teme pelo carro mais antigo:
“Esses carros antigos são tudo pra gente. O meu Uno é usado pra levar minha mãe ao hospital. Se roubarem, não temos como comprar outro. A polícia precisa agir.”

O que dizem os especialistas
Segundo Vitor Corrêa, coordenador de operações do Grupo Tracker:
“Veículos com mais de dez anos são os principais alvos. A demanda por peças de reposição é alta, e os carros populares são ainda mais visados devido à quantidade nas ruas e à dificuldade de encontrar peças novas.”
Rodrigo Boutti, gerente da empresa de rastreamento Ituran, reforça:
“Carros antigos são mais fáceis de levar, muitas vezes com ferramentas simples como uma chave de fenda. A ausência de tecnologias embarcadas facilita os furtos.”
Aramis de Macedo Secundino, diretor técnico do Clube de Colecionadores de Veículos Antigos, alerta:
“É possível instalar travas e alarmes mesmo em carros antigos, mas muitos não têm acessórios compatíveis. O Fusca, por exemplo, é muito visado por sua mecânica e peças que servem até para transformar em buggy.”
Ações policiais em ferros-velhos e lojas de peças
A Polícia Civil do Rio de Janeiro tem intensificado operações em ferros-velhos e lojas de autopeças suspeitas de receptação. Em ações recentes, foram apreendidos celulares, tablets, armas e peças automotivas sem nota fiscal, além da interdição de estabelecimentos sem alvará.
A Operação Torniquete já prendeu mais de 100 pessoas envolvidas em esquemas de desmontagem e venda de peças de veículos roubados. Uma quadrilha desmontava cerca de 80 veículos por semana, movimentando mais de R$ 30 milhões em um ano.

O programa Segurança Presente, em Nilópolis, também contribuiu para a prisão de mais de 60 pessoas em flagrante e 30 foragidos da justiça, além da redução de 33% nos roubos de veículos em áreas patrulhadas.
Como denunciar receptadores no Rio de Janeiro
Moradores podem denunciar atividades suspeitas de receptação de veículos e peças por meio dos seguintes canais:
– Disque Denúncia RJ: (21) 2253-1177 ou disquedenuncia.org.br
– Polícia Civil – Ouvidoria Geral: Telefone 197 ou e-mail faleconoscoouvidoria@pcivil.rj.gov.br
As denúncias são anônimas e sigilosas, e ajudam a combater o mercado ilegal de peças automotivas.
Como se proteger
Especialistas recomendam:
– Instalar rastreadores e alarmes modernos.
– Evitar estacionar em locais pouco movimentados ou sem vigilância.
– Exigir nota fiscal ao comprar peças usadas.
– Denunciar desmanches suspeitos às autoridades.
Enquanto os números crescem, moradores de Nilópolis seguem em alerta, tentando proteger seus veículos e cobrar ações mais efetivas das autoridades.









