O Departamento de Transportes Rodoviários do Estado do Rio de Janeiro (DETRO-RJ) — autarquia responsável pela fiscalização e regulação do transporte intermunicipal — abriu no último dia 6 de outubro de 2025 o processo administrativo nº 100005/007529/2025, com o objetivo de iniciar estudos para uma possível intervenção no serviço de transporte intermunicipal de passageiros prestado pela empresa Cavalcanti Cia Ltda. (RJ-123), conhecida como Nilopolitana.
A medida foi motivada por diversas denúncias recebidas pela autarquia, que apontam falhas graves na operação das linhas 429I (Duque de Caxias x Queimados) e 428I (Cabral x Comendador Soares). Segundo o DETRO-RJ, nesta fase inicial foi realizado um levantamento das empresas que poderiam assumir emergencialmente essas linhas, caso a intervenção seja confirmada. As empresas listadas são:
Empresa de Transportes Flores Ltda (RJ-128)
Expresso São Francisco Ltda (RJ-130)
Linave Transportes Ltda (RJ-146)
Viação Nossa Senhora da Penha Ltda (RJ-188)
Viação Ponte Coberta Ltda (RJ-190)
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Reclamações recorrentes dos usuários
As críticas ao serviço da Nilopolitana não são recentes. Em outubro de 2024, o Nilópolis Online publicou matéria destacando o descontentamento dos usuários, que relataram ônibus em péssimo estado de conservação, ar-condicionado desligado, sujeira, avarias constantes e cancelamentos de viagens sem aviso prévio.

Nas ruas, a população comentou a notícia:
Matheus Henrique, residente em Olinda, reclama da condição dos veículos:
“Os ônibus estão caindo aos pedaços. Tem dia que o ar-condicionado não funciona, os bancos estão quebrados e o motorista ainda avisa que pode parar a qualquer momento por falta de manutenção. É um risco para todos.”
Ignácio Lima, do bairro Novo Horizonte, destaca o impacto na vida dos trabalhadores:
“Dependo da linha 429I para trabalhar. Já aconteceu de chegar atrasado várias vezes. A empresa não respeita os horários e isso afeta diretamente os trabalhadores”
Motoristas também apontaram dificuldades internas, como a terceirização da manutenção da frota, que estaria sobrecarregada e sem estrutura adequada para atender à demanda.
“Já fui obrigado a sair da garagem com o ônibus com o freio ruim. Avisei que estava com o problema mas a ordem era ir pra rua e se virar. Sou profissional e dependo desse trabalho para viver, infelizmente vivemos nessa rotina de perigos e não tenho escolha, mas procuro ir com cuidado e busco não prejudicar os passageiros”, disse um motorista que não quis se identificar.
O engenheiro de transportes e consultor em mobilidade urbana Willian de Aquino, que participou do seminário “O Transporte Público Coletivo na Região Metropolitana do Rio de Janeiro – RMRJ”, promovido pela Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ), afirma:
“Há uma desorganização metropolitana com reflexos na segurança, tarifas elevadas e falta de recursos. É preciso criar um fundo de financiamento estável e confiável e promover a integração física, operacional e tarifária dos transportes urbanos”
Câmara Municipal cobra providências

Em março de 2025, durante sessão ordinária da Câmara Municipal de Nilópolis, os vereadores Wagner de Almeida e Jorge Moreira fizeram duras críticas à empresa. Segundo os parlamentares, os ônibus da Nilopolitana apresentavam atrasos superiores a 40 minutos, além de problemas estruturais e aumento de tarifas sem qualquer melhoria no serviço.
A sessão realizada na ocasião contou com a presença de representantes da população e resultou em propostas para substituição da empresa nas linhas municipais 001 e 002, com sugestão de entrada das empresas São Francisco e Master.
Apesar da gravidade do processo, as linhas municipais operadas pela Nilopolitana dentro de Nilópolis não seriam afetadas, já que o DETRO-RJ atua apenas sobre o transporte intermunicipal. Até o momento, não há nenhum movimento oficial da Secretaria Municipal de Transportes de Nilópolis indicando qualquer tipo de intervenção ou substituição da empresa nas linhas 001 (Mirandela x Cabral) e 002 (Manoel Reis x Rodoviária).
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