Por muitos anos a ausência de políticas públicas e a inoperância do Poder Público fizeram com que os casos de maus-tratos aos animais se tornasse algo corriqueiro em Nilópolis. Mas essa realidade começou a mudar em 2021 com a criação da Comissão Permanente de Proteção aos Direitos dos Animais da Câmara de Vereadores e da Rede de Proteção aos Animais, que atua nas redes sociais como ouvidoria da comissão.
Nesta segunda-feira (07/11), a população nilopolitana, em conjunto com a Rede de Proteção aos Animais, ajudou a colocar um fim em mais um caso de maus-tratos. Um cão da raça pitbull foi abandonado, pela segunda vez, em uma praça no bairro Santos Dumont. Os moradores que residem nas proximidades da Praça Suruí encaminharam denúncias à Rede e também para o Whatsapp do gabinete do vereador Leandro Hungria, que preside a Comissão.
Segundo os moradores, o cão fora acorrentado às grades que cercam a praça no dia anterior. Assustado, o cão ameaçava quem tentasse ajudá-lo. Imediatamente a equipe que atua na apuração das denúncias, constatou que este mesmo cão já havia sido abandonado na semana passada, só que na Rua Roldão Gonçalves, que fica a menos de um quilômetro da Praça Surui.
A Secretaria Municipal de Meio Ambiente foi acionada e encaminhou agentes da Guarda Ambiental ao local onde o animal estava preso. Lá foi constado que se tratava de Thor, o pitbull que realmente já havia sido encontrado abandonado e fora “resgatado” pelo seu tutor após a repercussão nas redes sociais.
Os agentes conseguiram localizar o “tutor”, que novamente teria alegado que o animal havia “fugido” de casa. A história não convenceu os agentes, que juntamente com policiais militares do 20º BPM (Mesquita), encaminharam o homem de 34 anos para a 57ª DP (Nilópolis). A identidade do acusado não foi revelada.
Na delegacia, o homem insistiu na versão de que o cão havia fugido. Desta vez alegou que o cachorro é de seu padrasto e que estava trabalhando quando o animal fugiu de sua casa, que fica nas proximidades dos locais onde Thor foi abandonado por duas vezes.
O homem foi acusado de crime de maus-tratos, com base na Lei 1.095/2019, que pune a prática de abuso e maus tratos a animais com pena de reclusão de dois a cinco anos, além de multa e a proibição de guarda.
Canais para denúncias
Quem souber de algum caso de maus-tratos pode estar fazendo a denúncia através da Rede de Proteção aos Animais, que recebe as demandas através das redes sociais @rededeprotecaoaosanimais ou pelo Whatsapp (21) 98633-6634. Também é possível fazer as denúncias presencialmente, no gabinete do vereador Leandro Hungria, que é presidente da Comissão Permanente de Proteção aos Direitos dos Animais. O atendimento é feito de segunda à quinta, das 9h às 17h e às sextas, das 9h às 12h. A Câmara Municipal fica na Rua Nicolau Cobelas, 01, no Centro.
Idosa morreu após ataque nas proximidades
Em julho deste ano, Joselina Serqueira, de 81 anos, passava pela Rua Elizeu Alvarenga, quando foi atacada por um cachorro da mesma raça. Imagens de câmeras de segurança mostraram que o cão derrubou a idosa.
Bombeiros do quartel de Nilópolis foram acionados. Porém, quando chegaram no local, a mulher já estava morta. O dono do animal e uma testemunha foram levados para a 57ª DP (Nilópolis) para prestar esclarecimentos. Ele responde em liberdade ao inquérito.
O caso aconteceu nas proximidades onde o pitbull Thor foi abandonado pela segunda vez e expõe a irresponsabilidade dos tutores desses animais.
Segundo a veterinária Cristiane Aguiar, o problema não está na raça:
“O pibull é um animal forte, mas não é agressivo, é manso; tanto que não é um cachorro de guarda. Quando ataca, é porque existiu algum gatilho ou porque desenvolveu transtornos que não são inerentes à raça e que qualquer animal teria, dependendo da criação. O que acontece é que ele tem uma mordida muito forte, que pode chegar até uma tonelada, por isso os ataques são noticiados, e as pessoas entram em pânico e passam a ter horror da raça”, explica a médica veterinária.